Beija-Flores e Urubus no Imaginário das Populações Latinoamericanas

Pesquisadora presta uma grande contribuição à etnoornitologia por meio de um trabalho bonito e exaustivo com uma profunda referência bibliográfica. Nicole Sault estuda populações tradicionais do México, Costa Rica e Peru e as respectivas percepções sobre urubus e beija-flores no que diz respeito à vida e morte. Os beija-flores e os urubus são centrais para a organização social dessas sociedades nas Américas por sua capacidade de expressar a dualidade percebida no mundo como complementar, transformando dia e noite ou cura e doença.

Nicole Sault, pesquisadora do Sally Glean Center for the Avian Arts, presta uma grande contribuição à etnoornitologia por meio de um trabalho bonito e exaustivo, publicado no Journal of Ethnobiology, acrescido de uma profunda referência bibliográfica. Sault estuda populações tradicionais do México, Costa Rica e Peru e as respectivas percepções sobre urubus e beija-flores no que diz respeito à vida e morte. Os beija-flores e os urubus são centrais para a organização social dessas sociedades nas Américas por sua capacidade de expressar a dualidade percebida no mundo como complementar, transformando dia e noite ou cura e doença de tal maneira que criam um caminho para resolver esses contrastes e compreender a vida como um ciclo contínuo de nascimento, morte e renascimento.
A etnoornitologia busca compreender as relações cognitivas, comportamentais e simbólicas entre o ser humano e as aves, sendo elas através de nomes populares, utilidades, lendas e crenças. Certas aves permitem que as pessoas compreendam o inexplicável, porque elas incorporam contrastes e resolvem conflitos, e algumas aves têm atributos especiais que os tornam especialmente aptas a expressar esses significados simbólicos. 
A análise da pesquisadora centra-se em duas famílias de pássaros que são centrais para a organização social de muitas sociedades da América Latina por sua relação com a vida e a morte e considera como essas aves são capazes de mediar conflitos culturais expressos através dos mitos, rituais, arte e arquitetura retratada em culturas antigas e contemporâneas. Tendo características associadas com a vida e a morte, beija-flores e abutres encarnam uma dualidade que lhes permite voar simbolicamente do mais elevado dos céus até as mais profundas regiões inferiores do submundo do que muitos outros pássaros. Exemplos etnográficos do México, Costa Rica e Peru são usados ​​para ilustrar as maneiras como essas aves particulares são vistas como transformando vida e morte, levando a uma compreensão mais profunda da realidade como um ciclo contínuo de renascimento e renovação.
Aqui no Brasil, o professor Eraldo Medeiros Costa Neto (UEFS, Feira de Santana), cuja produção merece uma leitura atenta, tem pesquisado o urubu e sua ligação com a população baiana, inclusive uso medicinal. De acordo com este pesquisador o pó do fígado do urubu, por exemplo, é facilmente encontrado no Centro de Abastecimento e usado contra a asma. Contudo, Costa Neto assinala que ainda não existe qualquer comprovação científica a respeito do uso do urubu como recurso medicinal. Mas, no imaginário popular a ave tem bastante utilidade: a pena e a banha do urubu são usadas para combater o alcoolismo, a carne cozida é muito utilizada no combate a tuberculose, entre outros.
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