Conservacionistas Ladrões de Ovos

Para tentar salvar uma espécie da extinção, conservacionistas estão roubando os ovos do ninho do maçarico-bico-de-colher e criando os filhotes em aviários até que eles atinjam o estágio de jovens. Esta medida visa evitar que os predadores comam os ovos e os filhotes recém-nascidos. Contudo, muitas aves jovens morrem durante a viagem de migração que a espécie empreende por cerca de 8.000 km em direção ao sul.

Quando se trata de salvar uma espécie da extinção, até o crime compensa. No caso particular do maçarico-bico-de-colher (Eurinorhynchus pygmeus), uma espécie de ave que habita a região costeira da tundra no nordeste da Rússia, o roubo de ovos no ninho por parte de conservacionistas russos e britânicos parece ser a medida mais apropriada para se evitar a extinção desta espécie.

Na tundra costeira fria de Chukotka, no nordeste remoto da Rússia, os conservacionistas estão fazendo exatamente isso. Desde 2012, ornitólogos russos e britânicos têm tomado os ovos dos ninhos de maçaricos bico-de-colher com a finalidade de preservar a espécie.
Normalmente, retirar ovos do ninho de aves silvestre é considerado uma atividade ilegal. No Reino Unido, por exemplo, quem for pego com um ovo de ave silvestre pode ser condenado a até seis meses de prisão. Mas, neste caso, o roubo dos ovos representa a única chance de sobrevivência para estas aves. É uma atividade inteiramente legal. Os ambientalistas estão criando os filhotes roubados porque as aves jovens têm uma chance muito maior de sobrevivência. Uma vez grandes o suficiente para sobreviver por conta própria, eles são soltos na natureza.
O que acontece. Há apenas cerca de 200 casais reprodutores de maçaricos-bico-de-colher soltos na natureza. Ao longo das últimas décadas, a população declinou rapidamente. A origem desta crise não está em seus habitats de reprodução na Rússia, mas longe, na direção sul.
Após atingir um certo tamanho, o jovem maçarico embarca numa migração épica em direção aos litorais chineses e sul-coreanos do Mar Amarelo e depois rumam para o Sudeste Asiático. É nesta viagem migratória de aproximadamente 8.000 km, realizada por um pássaro do tamanho de um pardal, é que se encontram os maiores desafios, conforme nos diz a matéria da BBC
Longe da tundra russa, os maçaricos bico-de-colher se comportam como aves marinhas. Eles se alimentam dos lodaçais intertidais, que são o lar de milhões de pequenos invertebrados. Mas na China e na Coreia do Sul, as vastas praias lamacentas foram convertidas em terra seca para a agricultura e indústria. Isso significa que agora há menos lugares para os pássaros se reabastecerem durante  a sua extenuante viagem de migração.
A perda do habitat no Mar Amarelo é um problema para muitas aves litorâneas migratórias. os caçadores são outro problema.  Os maçaricos bico-de-colher são aves muito pequenas para serem alvos de valor econômico para os caçadores, mas eles também são capturados nas redes de neblina destinadas às espécies maiores.
Para compensar estas perdas, os casais de maçaricos precisam produzir uma grande quantidade de filhotes. E como se não bastasse, a maioria de seus ovos e filhotes são vítimas de aves predadoras, como skuas e gaivotas, e de mamíferos como raposas e esquilos. Em média, um par em reprodução irá produzir três ou quatro ovos a cada ano, mas só irá acrescentar um jovem a cada dois anos à população que migra para o sul.
E aí que entram o trabalho dos conservacionistas. Eles retiram os ovos do ninho e os mantém em incubadoras até a eclosão. Depois criam os filhotes recém-nascidos em aviários até que as aves adquiram tamanho e idade suficiente para se virarem sozinhas.
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