Biodiversidade:Preservar Pra Que?
Segundo biólogo, a a extinção de decompositores como os fungos e as bactérias terá efeitos mais dramáticos para o ambiente do que o desaparecimento de certas espécies emblemáticas da conservação como o urso panda e o lobo-guará. Para ele, é preciso tornar ofensivo e de mau gosto o desperdício, a ostentação, diminuindo nossa "pegada ecológica". Não basta argumentos científicos. É necessário mudar comportamentos, com a colaboração de todos os segmentos da sociedade, religiões inclusive.
Sob o título de "Salvem as bactérias", o biólogo Eurico C. de Oliveira publicou no jornal O Estado de São Paulo uma matéria enfatizando que a extinção de decompositores como os fungos e as bactérias terá efeitos mais dramáticos para o ambiente do que o desaparecimento de certas espécies emblemáticas da conservação como o urso panda e o lobo-guará.
Segundo Eurico, a justificativa para todo projeto de levantamento de espécies é apoiada na racional ideia do "conhecer para preservar", o que para ele é um equívoco. De acordo com o pensamento do biólogo, a preservação de espécies carismáticas como o mico-leão, ararinha-azul, pau-brasil, possui um forte apelo popular, mas ignora o principal: que a biodiversidade está concentrada em organismos microscópicos, inconspícuos e poucos conhecidos. A extinção do maravilhoso panda gigante ou da enorme baleia-azul significa pouco em termos de perda de biodiversidade. Precisamos mais de insetos, fungos e bactérias que tartarugas e lobos-guará, serres cuja extinção terá repercussão dramática na biosfera, como fungos decompositores de madeira, bactérias nitrificadoras. Portanto, o foco da preservação deve ser a paisagem, o bioma , e não uma dada espécie, por mais "simpática" que possa parecer.
E finaliza:"Não é com catalogação de espécies e transformação do país em uma grande reserva biológica protegida por um exército que legaremos um mundo melhor, mas com o uso parcimonioso dos insumos para uma vida decente, reduzindo o consumo de tudo, água, energia, minerais, alimentos. A insaciedade em consumir viralizou, já é uma patologia. É preciso tornar ofensivo e de mau gosto o desperdício, a ostentação, diminuindo nossa "pegada ecológica". Não basta argumentos científicos. É necessário mudar comportamentos, com a colaboração de todos os segmentos da sociedade, religiões inclusive. A ação do Papa foi mais eficaz que o IPPC."
Fonte: O Estado de São Paulo
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