" Uma Galinha Ciscando o Chão Sabe Mais Que Nós..."

Ao que tudo indica, foram primeiramente os aspectos ligados a geologia que despertaram em Darwin as idéias embrionárias a respeito da evolução das espécies. Na frase, atribuída a ele, "Uma galinha ciscando o chão sabe mais da geologia do galinheiro do que nós sabemos daquilo que está sob os nossos pés", fica evidenciada a importância desta ciência na vida do renomado naturalista

Ainda jovem, Darwin se interessou por geologia e voltou seus estudos para a geologia da América do Sul, decidindo explorar a Cordilheira dos Andes. Com um gasto estimado em 500 libras,(o que não era nada para ele, pois era filho de um médico milionário que trabalhava com especulações financeiras, tais como ações de minas de ouro da América do Sul), Darwin estava determinado a explorar a fundo a ignorância humana e descobrir coisas nunca vistas nesta localidade
Ao que tudo indica, foram os aspectos ligados a geologia que primeiramente despertaram em Darwin as idéias embrionárias a respeito da transformação das espécies. É atribuída a Darwin a seguinte frase: "Uma galinha ciscando o chão sabe mais da geologia do galinheiro do que nós sabemos daquilo que está sob os nossos pés", evidenciando a importância do conhecimento geológico na fundamentação dos seus conceitos sobre as origens das espécies.
O primeiro contato de Darwin com a geologia ocorreu primeiramente em 1826, enquanto, ele ainda cursava medicina na Universidade de Edimburgo, por meio das aulas do professor de História Natural Robert Jameson (1774-1884), as quais Darwin achava muito entediantes. O curso ministrado por Jameson era muito popular e frequentado não apenas por estudantes, mas por comerciantes, ourives, topógrafos e fazendeiros. Posteriormente ele acabou adquirindo uma sólida formação geológica de base e desenvolveu importantes trabalhos no domínio das Ciências da Terra.
Para muitos a expedição a bordo do navio Beagle iniciada em 1831, cuja duração foi de cinco anos, é considerada como a viagem que levou Charles Darwin a descobrir a teoria evolutiva, mas a proposta inicial da viagem era bem diferente. Seu objetivo era o de calcular as longitudes da costa sul-americana, fazer o levantamento cartográfico da América do Sul e produzir conhecimentos potencialmente utilizáveis em rotas comerciais e estratégias de guerras navais.
Dentre outras propostas secundárias da viagem estava o estudo da região próxima as Ilhas Malvinas, nas Ilhas Galápagos, Taiti e por último um levantamento geológico dos atóis de coral no Oceano Pacífico. Darwin registrou atentamente e com exímio rigor suas observações, cujas anotações foram posteriormente organizadas em diferentes formatos e transformados em livros de Geologia e Zoologia.
As anotações realizadas por Darwin ao longo dos cinco anos a bordo do Beagle foram organizadas em diferentes formatos, dentre esses destacamos os cadernos de notas sobre aspectos geológicos, que totalizavam 1383 páginas e destacavam-se como as mais extensas anotações escritas ao longo da viagem contra as 368 referentes à zoologia. Segundo o próprio Darwin, o acontecimento mais importante da sua vida, que determinou significativamente sua carreira futura fora sem dúvida à viagem a bordo do Beagle e conseqüentemente a investigação geológica de todos os lugares visitados.
Os estudos geológicos realizados no Chile, em 1835, como a observação da elevação da Cordilheira dos Andes, na qual uma floresta petrificada cujos troncos eram semelhantes aos das araucárias existentes no nível do mar, encontradas a mais de 2 mil metros de altura, os fósseis marinhos encontrados em camadas nas montanhas e o desnível de cerca de 2 centímetros no chão de uma igreja, foram fundamentais para a compreensão do tempo geológico: a Terra seria muito mais antiga do que se suponha.
Darwin ao partir a bordo do Beagle, de acordo com sua autobiografia, ainda era um cristão ortodoxo que acreditava na autenticidade dos fatos bíblicos, especificamente em relação a idade da Terra. O questionamento só viria ocorrer mais tarde, após o estudo criterioso de todos os materiais coletados durante a viagem, sobretudo, as provindas dos materiais geológicos oriundos das pesquisados realizadas no Chile em 1835.
Antes da partida do Beagle, Darwin foi presenteado por seu ex-professor Jonh Henslow com um exemplar do livro Princípios de Geologia (1830), do geólogo escocês Charles Lyell (1797-1875). Lyell era favorável ao Uniformitarismo, que de forma simplificada se posicionava contrariamente ao Catastrofismo, paradigma então prevalecente, que admitia que a Terra teria sido palco de grandes catástrofes originadas pelas intervenções divina. O Uniformitarismo, embora não constituísse uma oposição radical ao Catastrofismo, estabelecia que a história da Terra poderia ser explicada em termos de forças naturais e em decorrência de um desenvolvimento longo e progressivo, não ocorrendo dessa forma catástrofes universais. 
Outro texto notável designado The Geological Evidence of the Antiquity of Man (1863) escrito por Lyell, posicionou-se contrariamente as idéias de criação divina e de dilúvio universal. Como amigo muito próximo de Darwin e um dos primeiros proeminentes a se manifestar favoravelmente a favor da publicação do livro A origem das espécies (1859), foi um dos que aceitou de imediato a co-publicação da teoria da seleção natural por Darwin e Alfred Russel Wallace em 1858, após ambos terem chegado a conclusões semelhantes de forma totalmente independentes.
Portanto, fica evidente a importância da geologia na vida profissional de Darwin. Com base no trabalho realizado durante a sua viagem, Darwin publicou posteriormente diversos trabalhos de cunho geológico, entre os quais, um trabalho publicado em 1842 no qual discorreu acerca da estrutura e da distribuição dos recifes de coral, desvendando a origem dos recifes em atol do Pacífico. Para muitos, apesar da formação em História Natural de Charles Darwin contemplar estudos de zoologia, botânica e geologia, ele foi mais um geólogo do que um “biólogo”.
Fonte: A importância da formação geológica de Charles Darwin na formulação da Teoria Evolutiva, do Professor Arthur Henrique de Oliveira, Mestre em História da Ciência/PUC-SP (com adaptações)

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