Poluição do Ar Afeta o Aprendizado das Crianças

Escolas situadas muito próximas de ruas com trânsito intenso podem ser prejudiciais ao desenvolvimento cognitivo dos seus alunos.  Um estudo publicado esta semana revelou que a exposição frequente aos poluentes atmosféricos produzidos por veículos afetam o cérebro das crianças

Uma nova pesquisa, que faz parte do projeto europeu Breathe (Respire, em português) e liderada por pesquisadores do Centro de Pesquisa em Epidemiologia Ambiental em Barcelona (CREAL), avalia se a exposição a poluentes atmosféricos relacionados com o tráfego tem alguma associação com o desenvolvimento cognitivo das crianças na escolas primárias.
Segundo os especialistas, escolas perto de ruas de muito trânsito seriam mais perigosas do que aquelas mais remotas, por causa do nível crescente de poluição liberada por veículos. O estudo foi publicado esta semana no PLOS Medicine.
Há tempos que os cientistas já suspeitavam que a poluição atmosférica era um neurotoxicante para o desenvolvimento cognitivo. Estudos anteriores em animais mostraram que a inalação de partículas ultrafinas procedentes dos canos de descarga dos automóveis e dos motores a diesel provoca elevada expressão de citocinas e estresse oxidativo no cérebro e alterações no comportamento do animal.
“A partir de estudos com animais, sabemos que partículas ultrafinas cruzam a barreira sanguínea do cérebro e interagem com os microgliócitos, que por sua vez afetam os neurônios”, disse Jordi Sunyer, da Universidade de Barcelona, e principal autor do estudo. Isto pode resultar em inflamação do cérebro, o que retarda sua maturação.
Para entender melhor como a poluição do ar afeta o desenvolvimento cerebral de crianças, Sunyer e sua equipe do Centro de Pesquisa de Epidemiologia Ambiental coletaram dados de 2.715 crianças entre 7 e 10 anos em 39 escolas da Espanha. Elas foram testadas a cada três meses em suas capacidades cognitivas, como memória nos trabalhos e atenção.
Ao comparar crianças de escolas localizadas em locais de alto tráfego, os pesquisadores descobriram um aumento de 11.5% em memória nos trabalhos naquelas com ar limpo, e de apenas 7.4% em instituições de ensino em áreas mais poluídas. E sugerem, por exemplo, que os alunos usem mais bicicletas ou caminhem até a escola, pois os ônibus precisam ser modernizados para emitir menos partículas.
A exposição à poluição atmosférica relacionada com o tráfego durante a gravidez ou lactação, quando o neocórtex do cérebro desenvolve-se rapidamente, tem sido associada a atrasos cognitivos em crianças. Regiões do cérebro associadas com funções executivas, como a memória de trabalho e atenção, em grande parte localizada no córtex pré-frontal e estriado, mostraram respostas inflamatórias após a exposição aos poluentes do ar relacionados com o trânsito.
Fonte: Agencia SINC

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