A TDI e os Desafetos de Darwin

Cientistas brasileiros se aliam a um grupo de acadêmicos americanos e começam a defender nas universidades do País que a vida teria sido criada por uma mente inteligente. É a chamada Teoria do Design Inteligente (TDI), defendida por Marcos Eberlin (foto). Eles querem por fim ao paradigma da teoria evolutiva de Darwin.

Temos observados no Brasil um crescimento no número de cientistas defensores da Teoria do Design Inteligente (TDI). De acordo com este conceito, a vida não se desenvolveu na Terra de forma natural, como afirma a teoria evolucionista de Darwin, mas projetada por uma mente inteligente. O professor Marcos Eberlin, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), autor de mais de 650 artigos científicos com mais de dez mil citações e comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, é o porta-voz brasileiro da TDI, um movimento que nasceu nos Estados Unidos no final dos anos 80.
A TDI foi elaborada em 1993 por um grupo de 14 acadêmicos de áreas diversas, liderados por Philip Johnson, professor americano aposentado de direito e autor do livro "Darwin no Banco dos Réus". A TDI não discute a idade da Terra nem quando a vida surgiu no planeta.

“Conhecimentos científicos em bioquímica e biologia molecular cada vez mais apurados nos permitiram abrir a caixa preta chamada célula e enxergar nela um conjunto imenso de máquinas moleculares dotado de uma complexidade irredutível”, diz Eberlin. E acrescenta: “Não dá para pensar num motor desse tipo produzido por forças naturais. Foi decisão de uma inteligência que existe no universo.” 
Nos EUA, há cerca de três mil adeptos da TDI, como químicos, bioquímicos, biólogos e físicos. Aqui, os seguidores ganharam corpo com a Sociedade Brasileira do Design Inteligente, constituída no mês passado. Com Eberlin na presidência e um comitê científico composto por alguns ex-darwinistas, a entidade recentemente deu vida ao 1º Congresso Brasileiro do Design Inteligente, em Campinas, no interior de São Paulo.
Ao final do ciclo de palestras, que contou com a presença de cientistas do exterior, como o filósofo com especialização em biologia evolucionária Paul Nelson, entre os 370 participantes, o número de membros da sociedade saltou de 220 para 300. “Seremos 500 até o final do ano, mil até o ano que vem e cinco mil em cinco anos”, afirma o químico da Unicamp. “Não somos inimigos de Darwin, mas amigos da ciência. Queremos restabelecer a verdade científica”, diz ele, que é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Por enquanto, porém, eles têm causado controvérsia na comunidade científica. Para o especialista em genética evolutiva Diogo Meyer, a TDI tem credibilidade quase nula. “Eles não são da área para a qual pretendem contribuir. São químicos, pessoas que atuam na biologia molecular, bioquímica, e não trabalham com a evolução, diversidade biológica ou genética”, afirma ele, que é biólogo do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). “É como se eu, que trabalho com evolução, argumentasse contra as interpretações mais convencionais da Revolução Francesa.”
Para os darwinianos, a TDI é um movimento de criacionistas que tenta dar uma roupagem de teoria científica à fé deles. “A gente diz por que a evolução dá conta de explicar as estruturas complexas das moléculas celulares, mas quem está atacando uma ideia já vigente precisa arregaçar a manga e mostrar serviço, o que não ocorreu até agora”, afirma Meyer. Evangélico batista, o químico Eberlin argumenta que tentam rotular o selo de religião na TDI para classificá-la como pseudociência. A universidade da qual ele é docente chegou a divulgar o Congresso sobre Design Inteligente em sua página no Facebook mas, de acordo com Eberlin, sofreu pressão para remover o anúncio. A Unicamp explicou, por meio de sua assessoria, que após verificar que o evento não conta com participação institucional concluiu que não justifica a sua divulgação. O porta-voz da TDI chama seus opositores de pitbulls de Darwin. Para eles, o químico, presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas, é um charlatão. O docente, porém, continua aceitando convites para palestrar em universidades e explanar que fomos planejados e não gerados por processos naturais.
Fonte: IstoÉ

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