O Código das Morsas

As morsas são mamíferos gigantes dos mares gelados. São animais mais inteligentes e perigosos do que se pensava. Emitem sons que soam como algo entre um mugido da vaca e o latido grave de um mastim

As morsas são mamíferos pinípedes muito perigosos, musicais e socialmente sofisticados, parentes das focas, dos leões-marinhos e dos elefantes-marinhos.  Algumas pesam mais de 1 tonelada. Outras medem mais de 3 metros. Cada uma delas tem a aparência amassada de um animal com presas salientes, bigodes, profundas cicatrizes e olhos injetados. Elas cochilam, arrotam, brigam e vociferam. “Algo entre o mugido da vaca e o latido grave de um mastim”, segundo um explorador do século 19.
As presas de marfim chegam a medir mais de meio metro. Fincadas no gelo como picaretas, elas ajudam a morsa a sair da água. Também servem para perfurar rivais e intimidar predadores. Até mesmo ursos-polares já foram vistos boiando mortos e perfurados no oceano.
O elemento mais emblemático das morsas, contudo, é o bigode. Centenas de pelos rígidos e cor de palha ficam eriçados sobre os lábios, grossos e sensíveis como dedos. Graças a essas vibrissas, as morsas conseguem localizar mariscos enterrados no leito do mar. Para extrair a carne, usam o poder de sucção de sua boca – forte o bastante para arrancar a pele de uma foca.
De janeiro a abril ocorre a época de acasalamento, “os machos adultos irrompem em cantos e produzem todo tipo de sons estranhos, como o de castanholas, sinos, violões e tambores percutidos”, diz Erik W. Born, do Instituto de Recursos Naturais da Groenlândia. “A expectativa dos melhores cantores é atrair uma bela dama morsa.”
Se for bem-sucedido, 15 meses depois nascerá um bebê morsa de 45 quilos. Nos dois anos seguintes, o filhote vai ser embalado pela mãe zelosa, vai pegar carona nas costas dela e vai engordar por dois anos com o seu leite nutritivo. Tudo correndo bem, a nova morsa vai viver até 40 anos.
No passado, isso era mais difícil. Os vikings, no século 9, massacravam manadas inteiras para aproveitar a gordura e as peles. Na Idade Média, os europeus esculpiam peças de xadrez com suas presas. Entre os séculos 16 e 20, os baleeiros também caçavam as morsas, reduzindo o âmbito delas, que antes chegava até o Canadá.
Hoje, a caça restringe-se aos inuits, que dependem das morsas para obter comida, roupas, ferramentas, objetos de marfim e óleo combustível. É impossível estimar a quantidade de morsas que antes havia no Atlântico – talvez centenas de milhares. Hoje estima-se estarem reduzidas a algo entre 20 mil e 25 mil. Os números são pouco confiáveis. “Não é fácil pesar as morsas e muito menos contá-las”, diz o pesquisador canadense Robert Stewart. “São encontradas em uma área imensa e em grupos coesos. Como não temos dados de 50 anos atrás, não há como dizer se os números estão aumentando ou diminuindo.”
A perda do gelo das banquisas é uma ameaça. As morsas preferem as placas de gelo para se alimentar, dar à luz e descansar. Quando obrigadas a buscar o litoral, ficam vulneráveis aos ursos-polares. Por outro lado, observa Erik Born, com o recuo da banquisa “as morsas-do-atlântico conseguem agora ficar por mais tempo nas áreas onde se alimentam de mariscos”.
Fonte: National Geographic Brasil (adaptado)

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