A Nova Face da Evolução dos Vertebrados


Fóssil de peixe ajuda os pesquisadores a entender a origem da mandíbula nos vertebrados e a reescrever a história evolutiva do ser humano

Uma equipe de pesquisadores encontrou em 2010 um fóssil de peixe no fundo de um lago na China que seria o mais antigo registro de um animal com mandíbula. Um estudo publicado no final de setembro de 2013 por um grupo internacional de especialistas na revista Nature revelou que o ancestral de todas as criaturas com mandíbula e espinha dorsal não foi um animal semelhante a um tubarão, mas sim um peixe desprovido de dentes e dotado de couraça.
O fóssil de um peixe, batizado de Entelognathus primordialis , com 419 milhões de anos contesta a teoria dominante de que os animais modernos com esqueletos ósseos teriam evoluído de uma criatura similar ao tubarão, que tem esqueleto cartilaginoso. Até hoje acreditava-se que os peixes cartilaginosos modernos, como os tubarões e as arraias, que formam um grupo irmão dos osteíctes, o dos condríctes, fossem os representantes mais próximos do ancestral mandibulado que deu origem aos dois grupos de animais.Isso significa que os osteíctes teriam desenvolvido os esqueletos ósseos do zero, enquanto o grupo que inclui os tubarões, as arraias e a quimera teria mantido o esqueleto cartilaginoso de seus ancestrais.
Sem as informações reveladas agora, a tendência de grande parte dos estudiosos era apontar animais mais recentes, do gênero dos acantódios, como os ancestrais comuns dos peixes ósseos. “Eles acreditavam que os ossos da mandíbula em peixes ósseos eram relativamente recentes, que não tinham nada a ver com os placodermos”, explicou Xiaobo Yu, professor de ciências biológicas da Kean University (EUA) e um dos autores da pesquisa.
O biólogo explicou também que o estudo dos animais marinhos é essencial para montar o quebra-cabeça que levou ao aparecimento da humanidade. Ele explica que os seres humanos partilham ancestrais comuns com os diferentes organismos em vários níveis. Por exemplo, há um ser a partir do qual todos os primatas se desenvolveram. Ou seja, a partir daquela espécie (o ancestral comum), surgiram outras que foram se transformando, em um longo processo, e dando origem a chimpanzés, gorilas, homens etc.
Assim como há um ancestral comum que faz parte da história de todos os primatas, há outro, ainda mais antigo, que originou os mamíferos; e outro que está na base evolutiva dos vertebrados; e assim sucessivamente. “Nós, seres humanos, compartilhamos um ancestral comum com todos os mamíferos, e, depois, com todos os peixes ósseos em um nível mais geral ou remoto, e, depois, com todos os vertebrados com mandíbula, em um nível ainda mais geral e mais remoto”, descreve o especialista.
“Nesse sentido, essa descoberta muda os conceitos da história remota da evolução humana. A nossa face agora tem uma história evolutiva muito mais antiga do que se pensava”, acrescenta. Matt Friedman, professor da Universidade de Oxford e coautor do estudo, complementa o raciocínio: “Esses novos dados, combinados com uma análise revista, sugerem que há, provavelmente, um elo evolucionário entre os placodermos e os peixes ósseos. Essa descoberta sugere que muitas das principais características do crânio dos peixes ósseos, e do nosso crânio também, surgiram de forma mais profunda na árvore genealógica do que se pensava”, afirma.

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