Não É Desânimo, É Síndrome de Burnout

Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso.Mais da metade dos residentes em pediatria da USP sofre de síndrome de Burnout

A síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso como profissionais das áreas de saúde e educação.
Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno.
O sintoma típico da síndrome de Burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima.
Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome. O nome burnout deve origem no verbo inglês “to burn out” queimar-se por completo, consumir-se.

Mais da metade dos médicos residentes de pediatria participantes de um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apresentaram síndrome de Burnout , que é uma condição de sofrimento psíquico ocupacional. A pessoa com Burnout tem cansaço excessivo, desânimo para realizar suas tarefas, sensação de que o que faz não tem propósito e frustração com o trabalho que tem de desempenhar.
Segundo a autora da pesquisa, a médica pediatra Anarella Penha Meirelles de Andrade, do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, a síndrome pode causar deterioração da relação médico-paciente. " Isso não foi avaliado no meu estudo, mas a relação do médico com o paciente e também com a equipe multidisciplinar pode ficar prejudicada." Os participantes da pesquisa, que começou em 2009, estavam no 1º e 2º ano de residência.
Anarella escolheu médicos residentes aos quais presta assistência no setor do Departamento de Pediatria da FMUSP. Dentre 40 pessoas contatadas, 32 consentiram a realização da pesquisa por meio de um questionário padronizado para investigação do Burnout . O formulário envolve temas como satisfação com o trabalho, excesso na jornada e influência do trabalho na própria individualidade, entre outros. As pontuações variam numa escala de: nunca, algumas vezes ao ano, algumas vezes ao mês, algumas vezes por semana e diariamente.
Os voluntários também foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional, que avalia o padrão de ativação cerebral de áreas específicas do cérebro ante a estímulos. No caso da pesquisa, os voluntários fizeram um teste de atenção chamado Stroop Color Word Test , que apresenta conflitos de informações justamente para verificar a intensidade da reação aos desafios propostos.
As imagens da ressonância funcional mostraram que as regiões do cérebro (especificamente no córtex pré-frontal dorso lateral direito) apresentaram maior sinal de estímulo nos voluntários com Burnout do que nos que não apresentavam a síndrome. Essas áreas estão relacionadas à realização de tarefas cognitivas ou que exijam atenção. " Significa que o voluntário gasta mais " energia" para ativar regiões do cérebro, ou seja, quem tem Burnout precisa estimular mais essas áreas de atenção para realizar a mesma tarefa. O estudo é inovador porque não existiam padrões de ressonância funcional para pacientes com Burnout ."
Para aliviar os efeitos da síndrome e do estresse, algumas iniciativas são sugeridas, como acompanhamento de terapeutas e psicólogos. " No entanto" , diz a médica " poucos residentes procuram, por desconhecimento do serviço ou por acharem que o que estão sentindo é normal." O mestrado foi orientado pelo professor Claudio Schvartsman, da FMUSP.
Fonte: Isaude.net

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