Blogues de Ciência Em Alta


Blogueiros presentes na 8ª Conferência Mundial de Jornalistas de Ciência falam sobre o bom momento vivido pela blogosfera científica e estimulam cientistas e jornalistas a se aventurarem nessa arena

Com espaço de destaque na programação da 8ª Conferência Mundial de Jornalistas de Ciência, realizada no final de junho de 2013 em Helsinque, na Finlândia, os blogueiros de ciência mostraram que vieram para ficar. Em menos de 10 anos, conseguiram, com um trabalho original, consistente e capaz de se espalhar rapidamente pela rede, consolidar um canal cada vez mais relevante na comunicação da ciência.
O prolífico e premiado escritor de ciência britânico Ed Yong se destaca nesse meio. Autor de matérias publicadas na Nature, BBC, New Scientist, Wired, no Guardian, Times, entre outros, Yong – também ativo no Twitter e no Facebook – habita a blogosfera científica desde 2006, quando ela ainda era um território amorfo e pouco respeitado.
Seu disputado blogue ‘Not Exactly Rocket Science’, iniciado em carreira solo no Wordpress e com passagens pelo ScienceBlogs e pela revista Discover, encontra-se atualmente na National Geographic, onde divide espaço com três congêneres – entre eles o ‘The Loom’, de Carl Zimmer, outro fenômeno da blogosfera científica. Os quatro blogues compõem a seção virtual da publicação chamada ‘Phenomena’, descrita como um science salon (algo como ‘salão de ciência’). 
Não que o preconceito em relação a blogues tenha desaparecido por completo, mas, para quem acompanha a blogosfera de ciência, em especial a em inglês, é inegável que seu prestígio venha aumentando. Não é raro ver cientistas renomados – inclusive laureados com o Nobel – enveredando por essa seara. Também se torna cada vez mais comum o uso desse espaço para discussões de alto nível científico, que já chegaram a resultar em revisões e erratas de artigos em periódicos de grande impacto.
Na avaliação de Yong, muito do fortalecimento dos blogues de ciência se deve ao jornalismo científico de baixa qualidade. Segundo ele, vários surgiram para corrigir erros científicos divulgados na mídia. Nesse sentido, ressaltou a importância da precisão e do rigor científico nesse meio, cláusulas pétreas do ‘Not Exactly Rocket Science’.
Yong chegou a dizer que o processo de preparação de um post em seu blogue é “exatamente” o mesmo que o de apuração para a escrita de uma matéria jornalística, sendo a única diferença a presença de um olhar mais pessoal no primeiro.
Para Betsy Mason, editora de ciência da revista Wired, algumas características intrínsecas aos blogues os distinguem do jornalismo científico tradicional, como as diversas possibilidades de ângulos a serem exploradas, o tom pessoal e a independência editorial. Por outro lado, ela destaca aspectos importantes e comuns a ambos, como a ética e a transparência.
Na avaliação de Mason, a última campanha da Wired para angariar novos blogues é um exemplo de como a blogosfera de ciência vem crescendo e se diversificando. A revista recebeu 113 propostas, sendo 50% de cientistas e 25% de jornalistas; 50% eram homens e 47%, mulheres (3% não se identificaram); 42% ainda não tinham blogues; e 31% eram de fora dos Estados Unidos, país natal da revista.
No Guardian, são 13 blogues de ciência, cobrindo temas igualmente variados. Também há remuneração pelo trabalho – os autores ganham um percentual do que suas páginas arrecadam com anúncios. “Não é muito, mas é um bom complemento”, diz Alok Jha, repórter de ciência do jornal, sem falar em cifras.
Segundo Jha, que também faz a sua parte dentro do segmento, a inclusão de blogues no site do jornal britânico é uma forma de neutralizar o ponto de vista do veículo, de incluir outras visões que representem de alguma forma os leitores, tanto do Reino Unido quanto de outros cantos do mundo.
Se alguém ainda tem dúvida de que a blogosfera científica esteja crescendo, tome essa: a Scientific American contabiliza 63 blogues de ciência em sua página na internet.

A Blogosfera Científica:
Nacional

Bússola: mantido pelo Instituto Ciência Hoje e atualizado por jornalistas, pesquisadores e colaboradores.
Blog do Stevens Rehen: escrito pelo cientista e mantido pela UOL.
A neurocientista de plantão: assinado pela neurocientista Suzana Herculano-Houzel.
Gene Repórter: mantido pelo biólogo Roberto Takata
Por dentro da ciência: do físico Adilson de Oliveira.
Biorritmo: assinado pelo biólogo José Antonio Dias.
Questões da ciência: escrito pelo jornalista Bernardo Esteves, na revista Piauí.
Imagine só: mantido pelo jornalista Herton Escobar, no Estado de São Paulo.
ScienceBlogs Brasil: condomínio de blogues científicos brasileiros.
Blogues de ciência da Folha de São Paulo: Teoria de Tudo, assinado pelo jornalista Rafael Garcia, e Darwin e Deus, do jornalista Reinaldo José Lopes.
Unesp Ciência: da revista homônima.

Internacional

Dot Earth: assinado pelo jornalista Andrew C. Revkin, no New York Times.
Bad Astronomy: mantido pelo astrônomo Phil Plait, na Slate.
ScienceBlogs: condomínio de blogues de ciência escritos em inglês.
Phenomena: seção de blogues da National Geographic, composta porNot Exactly Rocket Science, mantido por Ed Yong, The Loom, escrito por Carl Zimmer, e outros dois blogues.
Wire Science Blogs: conjunto de 10 blogues mantido pela revista Wired.
Guardian Science Blogs: conjunto de 13 blogues mantido pelo jornal britânico Guardian.
Scientific American Blog Network: rede de 63 blogues mantida pela revistaScientific American.
Wellcome Trust Blog: mantido pela Wellcome Trust e escrito por vários colaboradores.

Fonte: Ciência Hoje On-Line (adaptado)

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