Comer Menos Para Viver Mais


Uma das maiores geneticistas do Brasil esclarece que a restrição de alimentos calóricos é um passo importante para quem deseja estender a vida

Ao final de uma palestra sobre o impacto da genética nas nossas vidas, a geneticista Mayana Zatz, pesquisadora da USP e colunista da Revista Veja, foi surpreendida pela pergunta de um senhor muito simpático: “O que devemos comer para envelhecer com saúde?” Ela começou a rir e disse: " Infelizmente não tenho uma boa notícia. Todos os estudos recentes apontam não para o que comer, mas para deixar de comer, se queremos estender a vida. Existem várias hipóteses para explicar como a restrição alimentar pode nos beneficiar e é claro quais seriam as alternativas. Isto é, viver muito sem passar fome. Em um trabalho recente, publicado na revista Nature, em maio, cientistas liderados pelo Dr. David Sabatini, nos Estados Unidos, pesquisaram como a restrição alimentar atua nas células-tronco do intestino. Segundo os autores, passar fome , aumentaria o número e ativaria as células-tronco intestinais, pelo menos em camundongos."
Na matéria da sua coluna na Revista Veja (28/06/2012) publicada sob o título de "Células-tronco gostam de passar fome", Mayana Zatz esclarece como a restrição calórica ajuda a preservar a longevidade e dá detalhes sobre a pesquisa conduzida pelos cientistas norte-americanos. Veja o que diz a geneticista: " O laboratório coordenado pelo Dr. Sabatini dedica-se a pesquisas relacionadas com a regulação do crescimento e metabolismo em mamíferos. Sabemos que os tecidos no corpo são mantidos pelas células-tronco que têm a capacidade de se auto-renovar e diferenciar-se em tecidos específicos. Por outro lado, já foi demonstrado, em diversos organismos que a restrição calórica preserva a longevidade. Entende-se aqui como restrição calórica, a diminuição da ingestão de calorias, porém mantendo-se uma nutrição adequada." " Em algumas linhagens de camundongos, pesquisas anteriores já haviam mostrado que a restrição calórica promove a formação de novos neurônios e previne a diminuição do número de células-tronco hematopoéticas com a idade. Na pesquisa que acaba de ser publicada, os autores quiseram investigar como a restrição calórica atua em células-tronco intestinais denominadas 'Paneth cells' ou 'Células de Paneth'(CP)"

Como foi feita a pesquisa?

Os camundongos do experimento foram submetidos a dieta hipocalórica por 4 a 28 semanas e comparados com um grupo controle que alimentava-se sem restrições. No primeiro grupo houve uma perda de cerca de 20% na massa corporal. Obervou-se também uma diminuição na massa do intestino, mas ele manteve-se morfologicamente normal.
Os cientistas viram que a restrição alimentar ocasionou a preservação e a auto-renovação das células-troncos intestinais (CTI). Observou-se também um aumento no número tanto das CTI como das CP. Além disso, a restrição alimentar melhorou a regeneração do epitélio intestinal. Os cientistas também mostraram, em exprimentos subsequentes que quando as CTI eram cultivadas junto com CP retiradas de animais que haviam sido submetidos a restrição alimentar , também ocorria ativação das células-tronco. Isto é, como verdadeiras parceiras, as células de Paneth estavam enviando uma sinalização positiva para as CTI. Algo assim: “Mexam-se, estamos com pouco alimento”.
Os autores demonstraram aqui , em uma nova pesquisa, que dieta hipocalórica preserva e aumenta o “pool “de células-tronco intestinais em camundongos. Segundo a geneticista, essa é mais uma demonstração dos efeitos benéficos de “fechar a boca” mantendo-se é claro uma nutrição balanceada. 

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