Insulina Contra A Doença de Alzheimer

Na Doença de Alzheimer, áreas do tecido cerebral são danificadas e algumas mensagens não são transmitidas, causando os sintomas da doença, caracterizada principalmente pela perda progressiva da memória

Nos Laboratórios de Doenças Neurodegenerativas e de Neurobiologia da Doença de Alzheimer do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, pesquisadores descobriram que a administração de insulina  em neurônios, associada à rosiglitazona, um medicamento utilizado no tratamento de pacientes com diabetes tipo 2, pode ser uma arma valiosa no combate à doença de Alzheimer, ainda sem cura. Testes de laboratórios conduzidas pela bióloga e neurocientista Fernanda De Felice e pelo bioquímico e também neurocientista Sérgio Teixeira Ferreira, revelaram que a experiência efetivamente evita a progressão da degeneração dos neurônios.
Ao longo dos últimos 5 anos, os cientistas já vinham relacionando a doença de Alzheimer ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Evidências epidemiológicas indicavam que, do ponto de vista clínico, pacientes  com Alzheimer têm maior tendência  a apresentar diabetes tipo 2 e vice-versa. As razões que poderiam explicar essa associação, no entanto, não eram claras. As primeiras pistas só surgiram a partir dos estudos de Fernanda, que, durante estágio na Universidade Northwestern, em Illinois (E.U.A), descobriu que os receptores de insulina  nos neurônios são perdidos em pacientes de  Alzheimer. O passo seguinte, reunindo pesquisadores brasileiros e americanos, foi tratar neurônios afetados com uma combinação de insulina e rosiglitazona.
Como estudos anteriores em portadores de Alzheimer já haviam demonstrado, os neurônios se mostram mais resistentes à insulina  e à sua ação benéfica no cérebro, que é ajudar no processo de formação da memória. Isso têm levado os pesquisadores a considerarem a doença de Alzheimer como um novo tipo de diabetes- o chamado diabetes tipo 3. Ele faz com que certas substâncias tóxicas derivadas da proteína beta-amilóide, os oligômeros, ataquem os neurônios, o que acaba comprometendo as funções  e asobrevivência dessas células. os resultados da pesquisa mostram que o dano induzido aos neurônios quando são expostos à ação dos oligômeros pode ser evitado ao se aplicar à cultura a combinação de insulina e rosiglitazona. Com os resultados obtidos, surge no horizonte a possibilidade inédita de se desenvolver um medicamento que efetivamente reverta os efeitos iniciais da doença. mas antes que os doentes de Alzheimer corram a se medicar com insulina, Fernanda adverte que, embora os resultados em cultura tenham sido bastante animadores, ainda é cedo para se falar em um tratamento efetivo. Depois dos experimentos em laboratório, será preciso passar pelos testes com animais , para mais tarde avaliar a combinação terapêutica em humanos.
A vida média dos pacientes com a doença - descrita pela primeira vez em 1906, pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer - gira em torno  de 8 a 10 anos  depois do diagnóstico. Atualmente, esses pacientes contam apenas com 2 tipos de medicamentos- os inibidores de acetilcolinesterase e a memantina - para tratamento. Mas nenhum dos dois oferece resultados efetivos. Com essa pesquisa , abre-se uma grande porta para o desenvolvimento de novos medicamentos, com possibidade de alterar o curso da doença. A doença de Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos e afeta 20 milhões de pessoas no mundo e cerca de 1 milhão só no Brasil.

Adaptado do artigo "Por Dentro do Alzheimer" publicado na revista Rio Pesquisa da FAPERJ ( Nº08 de setembro de 2009)

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