Hanseníase: Um Mal Que Persiste

Brasil, Nepal e Timor Leste são os 3 países do mundo com os maiores índices de pacientes portadores de hanseníase. No ano passado foram registrados 38 mil casos da doença. Atualmente a OMS (Organização Mundial de Saúde) classifica a hanseníase como sendo uma doença negligenciada, ou seja, é uma doença que existe, todos sabem que existe, mas pouco é feito para prevenir. Conhecida também pelo nome de lepra, a hanseníase é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ( também conhecida como bacilo de Hansen ) e pode ser ou não contagiosa. O que vai determinar isso é se o paciente está ou não em tratamento. Em homenagem ao médico norueguês Gerhard Armauer Hansen (1814-1912), que fez importantes estudos dessa doença, identificando, em 1874, o bacilo causador da infecção, a doença recebeu o nome de hanseníase.
Há 3 anos, a Febrafarm (Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica) criou o projeto Carreta da Saúde, hoje encampada pelo Laboratório Novartis ( que investe no projeto 380 mil reais por ano), em parceria com a ONG Morhan ( Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase), a qual viaja o Brasil afora para detectar casos de hanseníase e tuberculose. Trata-se de um caminhão com 17 metros de comprimento, com 5 consultórios, um laboratório, capacidade para atender 15 mil pessoas  e mais uma porção de acessórios úteis. Em uma semana, a Carreta da Saúde detectou 41 casos de hanseníase em Esperantina (Piauí). No ano passado, dados do Ministério da Saúde davam conta de que havia apenas 6 casos na cidade. Esta discrepância  nos números revela , segundo a Morhan, o quanto os índices da doença podem estar sendo subestimados em todo o país. Prova disso é que desde que a Carreta da Saúde começou, ela percorreu 40 municípios e conseguiu encontrar quase 3% de todos os casos do país.
Apesar de ser doença contagiosa, de contágio direto, a hanseníase tem comprovadamente um baixo grau de transmissibilidade, de tal sorte que os pacientes podem e devem ser tratados em Centros de Saúde e consultórios, não mais se justificando o isolamento, como outrora se fazia, segregando os hansenianos em colônias ou exilando-os em campos afastados das cidades. Presença de nódulos ou tubérculos subcutâneos, com ou sem área de despigmentação da pele, insensíveis a picadas ou pequenas queimaduras caracterizam a forma tuberculóide da doença. Existe uma outra forma  mais evidente da doença, a qual se caracteriza por lesões ulcerosas e deformantes, típica do quadro contagioso e tão discriminado historicamente.
Segundo a assessoria do Laboratório Novartis, a poliquimioterapia (PQT) indicada para a hanseníase mata o bacilo e interrompe a transmissão, curando a hanseníase e prevenindo as deformidades. Ela é composta por 3 medicamentos: rifampicina, dapsona e clozapina. Os regimes de tratamento são definidos conforme a idade e a forma da hanseníase: paubiliciar (de uma a 5 manchas) ou multibaciliar (mais de 5 manchas). Os adultos com hanseníase paubiciliar têm que fazer o ciclo completo do tratamento, que é de 6 meses; com a multibaciliar, no entanto, é preciso tomar o medicamento por 12 meses. A Novartis já doou, segundo a assessoria, 40 milhões de unidades do remédio no mundo.
O diagnóstico da hanseníase é feito pela baciloscopia do muco nasal e pela biópsia de pele ou esfregaço de lesões  no caso de enfermos da formas mais grave da doença. A afecção, em início , é benigna e curável.  O controle da propagação dessa enfermidade, entretanto, ainda se restringe oficialmente à melhoria do padrão de vida e das condições higiênicas e sanitárias  das populações, bem como ao diagnóstico precoce e ao tratamento eficiente das pessoas acometidas da doença.

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