Cuidados com a Próstata

Atualmente, o câncer de próstata já é o terceiro tumor malígno mais diagnosticado no Brasil e o quinto que mais leva ao óbito. Segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), durante o ano em curso serão diagnosticados 14.830 pacientes e ocorrerão 6.850 mortes devidas ao câncer de próstata. Estas estatísticas, que indicam a elevada prevalência do câncer de próstata, justificam os programas de rastreamento da doença em homens assintomáticos de modo a oferecer um melhor prognóstico dos casos identificados precocemente.
Sob o ponto de vista clínico, os tumores podem ser identificados em fases iniciais por meio do toque digital, dosagem do PSA sanguíneo e pelo ultra-som transretal da próstata.
O exame de ultra-som não deve ser realizado rotineiramente, mas apenas nos casos duvidosos ou para orientar a realização de biópsia transretal quando parâmetros anteriores estiverem alterados. Na suspeita de câncer de próstata , é sempre recomendável proceder a biópsia prostática dirigida pelo ultra-som para confirmar ou afastar a hipótese diagnóstica.
Vale ainda ressaltar que níveis de PSA pouco acima dos limites da normalidade não indicam necessariamente câncer de próstata, pois infecções prostáticas podem promover o aumento de PSA. Nestes casos esse aumento do PSA geralmente se faz de forma súbita e regride com o tratamento antibiótico. Além disso, pacientes com Hiperplasia Benígna da Próstata também podem evidenciar elevações dos níveis de PSA, sem maior significado. Estes dados mostram, claramente, que o PSA total não possui acurácia diagnóstica suficiente para ser utilizado isoladamente, fornecendo um valor preditivo positivo da ordem de 50%.
Os valores máximos esperados de PSA equivalem ao peso ou volume da próstata dividido por dez. Quando o PSA ultrapassar esse valor, deve-se investigar a presença de câncer.

Etiologia

Pouco se conhece a respeito das causas do câncer de próstata, mas sabe-se que o progredir da idade, a presença da testosterona no sangue e dieta rica em gordura animal são fatores de risco importantes para seu desenvolvimento. Além disso, o patrimônio genético exerce influência marcante. O risco de câncer da próstata aumenta 1,5 vezes quando um parente de primeiro grau (pai ou irmão) tem o tumor e cinco vezes quando são acometidos dois parentes de primeiro grau.
O câncer da próstata raramente é visto em homens com menos de 45 anos de idade, mas sua incidência vai aumentando com a idade.

Sinais e Sintomas que Podem Indicar Problemas Prostáticos:

· Jato urinário fraco;
· Dificuldade para começar a urinar;
· Acordar freqüentemente à noite para urinar;
· Urinar freqüentemente;
· Urgência para urinar;
· Sensação de bexiga cheia depois de haver urinado;
· Interrupção do jato urinário;
· Dor ou queimação para urinar;
· Sangue na urina
Importante: Nunca é demais enfatizar que o câncer de próstata na fase inicial não causa sintomas e é neste estágio da doença que quando tratado resulta em cura. Cuide-se e faça o seu “check up” periodicamente!

Valor do PSA no Dianóstico do Câncer de Próstata

O Antígeno Prostático Específico (PSA) é uma enzima que, embora possa ser encontrada em células das glândulas parótidas, mamárias e do pâncreas, apresenta níveis sanguíneos que resultam exclusivamente da sua produção ao nível da próstata. Este fenômeno transforma o PSA em marcador específico das doenças prostáticas, notadamente das neoplasias malígnas (câncer de próstata), cujas células produzem cerca de dez vezes mais PSA do que o tecido benígno. Alguns pacientes contudo, com Hiperplasia Benígna de Próstata podem evidenciar ocasionalmente níveis aumentados do PSA, principalmente quando existe crescimento prostático mais exagerado. Também o nível elevado do PSA pode ser encontrado em outras condições como infecções locais ou depois de manipulações agressivas da próstata, tais como biópsias ou cirurgias locais. Também a prática de hipismo e o uso de bicicleta, mesmo ergométrica, têm sido responsabilizados por elevações significativas de PSA, devendo ser respeitado um intervalo de, pelo menos, duas semanas entre estas atividades e a coleta de sangue para o exame. Excluidas estas situações, elevações do PSA sanguíneo podem indicar a presença de câncer da próstata e, por isso, a utilização desse marcador se generalizou na prática médica.
Estudos levando em conta custos e benefícios sugerem que a realização conjunta de toque digital e de dosagem sanguínea do PSA constitui a melhor forma para se diagnosticar o câncer de próstata. Segundo especialistas o exame de ultra-som transretal da próstata não deve ser requisitado rotineiramente, estando, contudo, indicado quando os dois métodos anteriores acompanham-se de resultados suspeitos, mas não definitivos para câncer de próstata. Ademais, o exame de ultra-som transretal deve ser sempre utilizado para orientar a realização da biópsia da próstata, cujo índice de positividade aumenta com o emprego deste método de imagem.
Em relação às dosagens do PSA, sabe-se que os riscos de câncer de próstata são bastantes reduzidos quando seus valores sanguíneos situam-se entre 0 e 4 ng/ml. Por outro lado, quando esses valores são maiores do que 10 ng/ml, a chance de existir câncer na próstata é da ordem de 55%, o que justifica a realização rotineira de biópsia prostática neste grupo de pacientes.
Sob ponto de vista clínico, a situação se torna mais complexa quando o médico constata níveis sanguíneos de PSA entre 4 e 10 ng/ml. Nestes casos, o risco de câncer de próstata é de cerca de 25%, número que não pode ser menosprezado, mas que também indica que se biópsias forem executadas sistematicamente, elas se acompanharão de resultados negativos em 80% dos casos, além da ansiedade que essa situação pode provocar nos pacientes. Para resolver esse problema e aumentar a sensibilidade e a especificidade das medidas do PSA nos casos cujos níveis sanguíneos situam-se entre 4 e 10 ng/ml, foram criados alguns métodos alternativos de avaliação deste marcador, como o Valor Máximo Tolerável (VTM) e o Fracionamento do PSA. A interpretação dos resultados desses exames é da competência do médico especialista.

Tratamento

Uma vez estabelecido o diagnóstico, todos os pacientes com câncer de próstata devem ser submetidos a uma avaliação clínica de rotina feita por meio de dosagens sanguínea de PSA e de Fosfatase Ácida, do Mapeamento Ósseo, da Tomografia (ou Ultra-som) do retroperitônio e de Radiografias de tórax.

A Fosfatase Ácida serve para definir a presença de doença avançada, já que seus níveis sanguíneos são normais nos tumores localizados e tendem a se elevar quando a doença está fora dos limites da próstata (metástase).
O Mapeamento Ósseo é mais preciso que as Radiografias Simples para detectar metástases ósseas, contudo nos casos duvidosos do Mapeamento, deve-se complementar a avaliação com Tomografia Computadorizada ou com estudo por Ressonância Magnética das áreas alteradas.
O tratamento deve ser feito em função do estágio da doença, e pode ser resumido em duas situações básicas: Uma dela é o câncer de próstata localizado que é detectado com o PSA baixo (abaixo de dez) e nódulo pétreo palpavel ao toque retal. Nestes casos verifica-se que a cápsula da próstata está completamente íntegra e a tumoração está confinada nesta cápsula. Faz-se uma dosagem da Fosfatase Ácida e uma Cintilografia Óssea e esses exames mostram-se dentro dos limites da normalidade. Este é um tumor curável por meio de cirurgia, radioterapia e braquiterapia (método de irradiação em que se colocam sementes radioativas diretamente dentro do tumor, sem atingir estruturas normais adjacentes, estando indicado no tratamento de câncer de próstata em fase inicial).
No outro extremo está o câncer de próstata avançado, em que o PSA se encontra acima de 30 ng/ml, a Fosfatase Ácida pode estar elevada, a Cintilografia Óssea revela lesão decorrente de uma metástase óssea e isso caracteriza um tumor em fase avançada. Neste caso não há mais métodos de tratamento curativo, mas apenas paliativos, dos quais o melhor é a supressão androgênica, uma vez que o câncer de próstata cresce estimulado pelo hormônio masculino, a testosterona.

É muito bom você saber que:

1-A detecção precoce do câncer de próstata, ou seja, o diagnóstico no estágio inicial da doença, possibilita um tratamento eficaz e se previne as complicações, visto que, nessa fase, há um grande percentual de cura mediante radioterapia ou cirurgia, além da maior eficiência das outras formas de controle;

2-Nos indivíduos que fazem “check up” anual, os tumores da próstata são diagnosticados em fases realmente iniciais, com PSA abaixo de dez, e nesses casos há grande probabilidade de cura completa mediante tratamento cirúrgico ou com radioterapia;

3- A partir dos 50 anos, todo homem deve procurar anualmente um médico urologista para fazer uma avaliação clínica da próstata, ainda que esteja se sentindo bem e não tenha história de câncer na família. Essa avaliação consiste no toque retal (dada a proximidade da próstata com o reto), um exame indolor que permite ao médico identificar também outras lesões na região, tais como tumores localizados na porção terminal do intestino grosso. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que nessa faixa etária, todo homem realize, também, um exame de sangue para dosar o Antígeno Prostático Específico (PSA), substância que, quando elevada, pode indicar problemas prostáticos;

4- Para homens que têm antecedentes familiares de câncer de próstata, a prevenção deve começar mais cedo, aos 40 anos de idade, devendo incluir o Toque Retal e a Dosagem de PSA no sangue, anualmente. O mesmo vale para homens da raça negra, grupo no qual há uma incidência maior (37%) do câncer de próstata;

5- Uma característica clínica importante do câncer de próstata é que seus sintomas aparecem muito tardiamente, ou seja, quando a neoplasia atinge a cápsula prostática. Os sintomas característicos de problemas na próstata, como dor e dificuldade para urinar são causados pelo aumento de volume da próstata e que, via de regra, estão relacionados a alterações benígnas dessa glândula;

6- O exame de ultra-som transretal é realizado com uma sonda em forma de bastão , protegida por um preservativo, que é introduzida no reto do paciente. Na ultra-sonografia transretal com biópsia, a única diferença reside no fato de que uma agulha é acoplada à sonda, de forma que possa extrair pequenos fragmentos da próstata para Exame Anatomopatológico que fornece o selo diagnóstico da doença. Para evitar dor, a mucosa do reto é anestesiada com xilocaína tópica antes da realização desse exame.



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